Ludmilla Oliveira da Silva tinha oito anos de idade quando começou a soltar a voz nos pagodes dos churrascos da família. Hoje, a mesma voz da cantora e compositora de 28 anos que é cria de Duque de Caxias (RJ) desafia a capacidade que um artista tem de bater recordes que vão de plays a shows com ingressos esgotados em poucas horas. Lud se apresenta nesta terça-feira (14), na área externa do Centro de Convenções, em Olinda, com a turnê Numanice, projeto que se tornou um fenômeno e que tem reunido multidões por onde passa.
No show, Ludmilla apresenta canções do disco de mesmo nome que rendeu a ela o Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Samba/Pagode. O repertório inclui tanto músicas autorais, como Maldivas, Sinais de Fogo e Insônia (uma parceria com Marília Mendonça), além de sucessos de outros artistas. Os ingressos estão à venda na plataforma Sympla. O local conta com duas áreas: open bar (R$ 350) e front stage (R$ 130 meia social e R$ 240 inteira).
A virada de Ludmilla para o pagode acontece em um momento de renovação do ritmo, que tem passado por reinvenção. Perguntada sobre essa formação de mais mulheres pagodeiras em uma indústria majoritariamente masculina, ela é enfática: “Esse momento de renovação precisava acontecer. Principalmente por ver as minas inseridas no pagode. Fico feliz em poder assistir de perto esse acontecimento e, mais ainda, por ter contribuído para este movimento”, disse em entrevista.
Ludmilla traz o posicionamento público como parte de sua essência e diz ficar feliz em poder usar a sua voz para causar mudanças positivas. “Me orgulho (com os posicionamentos), mas este é o último estágio e, no geral, não me atento a ele. Tudo o que vem de mim é muito genuíno, se fica bonito na foto, aí é um plus. Fico feliz em poder ter usado a minha voz para tentar mudar algo, seja no âmbito que for”, ressaltou a artista.
O Numanice nasceu em 2020, mas tudo começou em outubro de 2019, quando Ludmilla compartilhou no Instagram um vídeo em que aparece cantando pagode em uma festa em sua casa. As imagens fizeram sucesso na internet e os fãs pediram para que ela gravasse um álbum só com canções do gênero musical.
À época, ela prometeu que, se ganhasse na categoria de melhor cantora do Prêmio Multishow daquele ano, lançaria um EP de pagode. O prêmio veio, e em abril de 2020 Ludmilla lançou o projeto Numanice nas plataformas digitais com seis músicas inéditas e registros audiovisuais feitos no Pão de Açúcar. Desde então, já são três álbuns que ultrapassam a marca de um bilhão de streams. O álbum Numanice #2 (2022) ainda rendeu o primeiro prêmio no Grammy Latino, na categoria Melhor álbum de Samba/Pagode, e foi eleito O Show do Ano na semana passada pelo Prêmio Multishow.
Na conta da fluminense, somam-se também dobradinha de shows históricos no Rock in Rio e no The Town em menos de um ano, participação no filme hollywoodiano Velozes e Furiosos 10 e três bilhões de streams em plataforma de áudio. Este último um marco só dela, sendo a primeira cantora afro-latina-americana a alcançar o feito.
“Pernambuco é tudo. Adoro pisar aqui, sentir o calor do público. Eles podem esperar uma Lud animada para cantar para eles e um show cheio de vibe boa e amor. Estou doida por esta apresentação”, completou Ludmilla, que curtiu dias de folga ao lado da esposa Brunna Gonçalves, em Porto de Galinhas.
Embora a admiração de Ludmilla pelo neo soul, pop e R&B americanos tenha ajudado a alimentar seu desejo criativo, seu amor por sons locais é incomparável. Ela construiu sua personalidade artística abraçando formas de arte brasileiras, que vai do samba ao pagode e ao funk carioca, com um fluxo enigmático que é todo em português, onde ela representa a vida nas favelas e o autoempoderamento.
Com uma capacidade altamente versátil de criar pop fascinante que abrange trap latino, funk, soul e muito mais, juntamente com sua presença de palco atraente, Ludmilla está preparada para uma carreira com voos cada vez mais altos.
