Consultadas pelo Globo, fontes do governo brasileiro disseram que a carta de Milei foi “zero surpresa” para Lula, e que não haverá reação oficial ao documento, “porque não entrar no Brics é uma decisão soberana da Argentina". O documento foi enviado ao governo brasileiro através da embaixada do Brasil em Buenos Aires, mesmo procedimento usado para comunicar a decisão da Argentina aos demais integrantes do grupo.
A entrada da Argentina aos Brics foi decidida na última cúpula do bloco, realizada no final de agosto, da África do Sul, No mesmo encontro foi votada a incorporação da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Irã. Se Milei não tivesse enviado a carta, segundo fontes escrita num tom cordial e deixando as portas abertas para uma eventual mudança de posição no futuro, a Argentina passaria a ser membro do Brics no dia 1 de janeiro.
Quando o grupo aprovou a entrada da Argentina, Lula estava, sem estridências, fazendo gestos de apoio ao governo do ex-presidente peronista Alberto Fernández, em plena campanha presidencial no país. O Palácio do Planalto apostou na eleição do também peronista Sergio Massa, derrotado nas urnas por Milei. Desde que o líder da ultradireita argentina foi eleito, em 19 de novembro, o Brasil, que também defendeu a entrada de outros países, entre eles a Arábia Saudita, sabia que a retirada da Argentina do Brics era apenas uma questão de tempo.