Autoridades da Faixa de Gaza afirmaram neste sábado (23) que 201 pessoas morreram em ataques israelenses nas últimas 24 horas, enquanto a violência continua após uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ter exigido, na véspera, mais ajuda para o território sitiado desde o início do conflito, em 7 de outubro. Destes, ao menos 76 eram membros de uma mesma família, informou a agência americana Associated Press (AP), citando uma fonte do Departamento de Defesa Civil do enclave palestino.
Segundo o último balanço do Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, o número de mortos desde o início da guerra subiu para para 20.258, a maioria mulheres e crianças.
Na sexta-feira, ataques aéreos destruíram duas casas no enclave. Um deles foi na Cidade de Gaza, que resultou em 76 mortes de membros da família al-Mughrabi, incluindo mulheres e crianças, segundo Mahmoud Bassal, porta-voz do Departamento de Defesa Civil de Gaza.
Issam al-Mughrabi, funcionário veterano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), sua esposa e cinco filhos estavam entre as vítimas. Achim Steiner, chefe da agência da ONU, lamentou profundamente a perda e enfatizou que o órgão e os civis em Gaza não deveriam ser alvos, apelando para o fim da guerra.
Mais tarde, no sábado, outro ataque destruiu uma casa no campo de refugiados em Nuseirat, matando ao menos outras 14 pessoas, de acordo com autoridades do Hospital al-Aqsa, para onde os corpos foram levados.
Israel segue com sua ofensiva concentrada no Sul da Faixa de Gaza, com nuvens de fumaça cinza e preta se elevando sobre a cidade de Khan Younis. Imagens de TV da AFP também mostraram fumaça negra se espalhando pelo Norte.
Os combates começaram em 7 de outubro, quando o Hamas rompeu a fronteira de Gaza e matou cerca de 1.140 pessoas em Israel, na maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados israelenses. Israel, em resposta, prometeu destruir o Hamas e lançou um bombardeio implacável e uma invasão terrestre em Gaza.
Sem consenso
Os ataques deste sábado ocorreram após o Conselho de Segurança aprovar uma resolução exigindo "entregas imediatas, seguras e sem obstáculos" de ajuda vital para Gaza. Também pediu a criação de "condições para um cessar-fogo sustentável", mas não buscou um fim imediato aos combates.
A pedido dos Estados Unidos, que se abstiveram da votação, algumas disposições foram amenizadas no texto final, evitando o pedido de um cessar-fogo que interrompesse imediatamente a guerra.
Com 1,9 milhão de habitantes de Gaza deslocados, segundo dados da ONU, de uma população de 2,4 milhões, muitos foram forçados a recorrer a abrigos ou barracas lotadas, lutando para encontrar comida, combustível, água e atendimento médico.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que um "cessar-fogo humanitário" é a única maneira de a ajuda "ser entregue efetivamente". Segundo ele, o problema não é o número de caminhões de ajuda, mas "a maneira como Israel está conduzindo esta ofensiva e criando obstáculos maciços" para a distribuição de assistência humanitária.
Imediatamente após a votação da ONU, Israel novamente prometeu continuar lutando até que o Hamas seja "eliminado" e os reféns sejam libertados.
"Israel continuará a guerra em Gaza" disse o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen.