A Justiça Federal do Paraná recebeu denúncia contra integrantes da maior facção criminosa do Brasil pelo plano de sequestro do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (União-PR). O documento apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) enquadra oito investigados e agora réus por tentativas de obter valor de resgate do hoje senador entre junho e dezembro do ano passado.
De acordo com a denúncia, a tentativa de sequestro começou a ser estudada depois que Moro, enquanto ministro, determinou a transferência de integrantes da facção detidos a presídios federais de segurança máxima, sem direito a visitas. Depois da ordem, 13 criminosos começaram a costurar o plano para o sequestro do ex-juiz, aponta o MPF.
"Além de concretizar vingança, os criminosos objetivavam obter vantagens materiais com a prática do sequestro, desde a revogação dessas medidas adotadas pelo ex-ministro até a difusão de sensação de pânico generalizado na população civil e em autoridades públicas, diante do ataque direto àqueles que se dedicaram ao enfrentamento do crime organizado", afirma a denúncia.
As tentativas de sequestro teriam sido orquestradas nas cidades de Curitiba (PR), São José dos Pinhais (PR), São Paulo (SP) e Sumaré (PR). O acolhimento da denúncia foi assinado pela juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba.
De acordo com os investigadores, os criminosos teriam viabilizado o aluguel de carros e a compra de armamento para o sequestro de Moro, chamado pelos criminosos de "Tokyo".
O MPF apontou ainda que, nos aparelhos celulares e computadores dos criminosos, foi identificada uma série de imagens de Moro e seus familiares. O levantamento sobre a vida do hoje senador ocorreu entre o primeiro e o segundo turnos das eleições passadas. Ainda foram identificadas uma série de informações sobre o local de votação do ex-juiz, com detalhes do esquema de segurança, forma de acesso e possíveis rotas de fuga.
Na denúncia, o MPF argumenta que o monitoramento permitiu que os integrantes da facção pudessem identificar o local de votação do ex-juiz federal e o trajeto feito por ele para casa. É nesse trecho que, se o plano fosse colocado em prática, ocorreria o sequestro.