A CPI das Pirâmides Financeiras aprovou relatório final na, noite desta segunda-feira (09/10), e concluiu pelo indiciamento de 45 pessoas, entre os quais o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e o irmão e empresário, Assis Moreira. O ex-atleta da seleção é apontado pelo relator, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), pela prática dos crimes de estelionato, lavagem de bens e capitais, gestão fraudulenta e da prática dos crime de operação de instituição financeira sem autorização.
O relator explicou que há dados consistentes do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que demonstram envolvimento de Ronaldinho com a prática de pirâmide financeira, usando a empresa dele, a 18K Ronaldinho. À CPI, ele contou que foi vítima de dois empresários, que usaram o nome dele sem o consentimento e que se restringiu, com essa empresa, a fazer propaganda de relógios.
No relatório, dos 45 citados, oito são vinculados à empresa 123 Milhas, uma agência virtual de venda de passagens e pacotes turísticos, acusada de lesar cerca de 700 mil clientes, que não conseguiram voar e perderam dinheiro que juntaram ao longo de um tempo.
Entre os que tiveram os nomes citados para indiciamento estão os dos três irmãos principais donos da empresa. Ramiro e Augusto Julio Soares de Madureira e também a irmã Cristiane Soares Madureira são acusados pelo relator da CPI, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), pelas práticas de estelionato, de gestão fraudulenta, de organização criminosa e de lavagem de bens e capitais.
A empresa chegou a ter um faturamento de R$ 6 bilhões, em 2022, e este ano o prejuízo chegou a R$ 490 milhões. A 123 Milhas entrou com pedido de recuperação judicial. Os donos da empresa pediram desculpas aos consumidores lesados e argumentaram que foi pegos de surpresa com o mercado de milhas, que, segundo eles, operou o tempo inteiro como se o país vivesse "alta temporada" de turismo.
No final, o relatório foi aprovado na comissão a toque de caixa, sem debate, sem pedido de vista, sem discussão e até sem leitura completa do resumo do voto do relator.
Defesa de Ronaldinho
O advogado Sérgio Queiroz, que defende o jogador, diz que não há qualquer indício de prova de ilícito e que os parlamentares da CPI querem holofotes em cima de personalidades. "Inexiste qualquer mínimo indício de prova de qualquer ilícito. A CPI sequer se preocupou em ouvir os proprietários da empresa 18k.Trata-se de tentativa de ganhar os holofotes através de nomes de personalidades", afirmou o advogado, numa nota curta.