Pernambuco já se veste de cores para receber a festa mais aguardada do ano. O carnaval que toma conta das ruas e veste as vitrines das lojas também sinaliza mais dinheiro no bolso para setores como o comércio, além da indústria, turismo e serviços. Nestes dois primeiros meses do ano, a aposta é de um crescimento médio de 20%, trazendo um pouco de fôlego para o restante do semestre, que costuma marcar arrefecimento. Quem investe na folia, aposta em números mais positivos, em comparação a 2023. É mais uma tentativa de salvar o caixa, ainda com rescaldo de crise.
Sombrinhas de frevo, fantasias diversas e muitos adereços enfeitam as lojas do Centro do Recife, na tentativa de fisgar mais clientes. No último ano, conforme a Fecomércio, o carnaval movimentou mais de R$ 270 milhões. “Estamos animados, com um empresariado que se preparou para receber esta demanda maior, ofertando para quem é da terra e o grande quantitativo de turistas que nos visita. Mais de 50 eixos de produção estão ligados a esta época e a sua maioria prospecta ampliação”, explicou o presidente da federação, Bernardo Peixoto.
Segundo ele, entre os segmentos que fazem renda neste período figuram alimentação e bebidas; embelezamento e cuidados pessoais; de confecções, incluindo a customização de vestuários; artístico; de hotelaria, entre outros. “O aquecimento também é perceptível no interior do estado. É mais gente nas ruas e consumindo do pequeno e dos grandes empreendedores”, garante.
O gerente de vendas Rosélio Santos, que atua no ramo de decorações, com filiais pela Região Metropolitana, destaca um salto médio de 30% no volume de produtos adicionados ao estoque. “Nossa expectativa é de ainda ter um aumento na procura, pois as pessoas deixam para última hora”, diz, lembrando que os artigos partem de R$ 2 e podem chegar a R$ 1 mil, com a preferência se mantendo pela compra parcelada no cartão de crédito.
Para o presidente da CDL-Recife, Fred Leal, o carnaval se une a outras nuances presentes nesta temporada, incluindo até o clima. “Alguns setores crescem pela festa, com tudo que for ligado ao entretenimento, na ordem de 10%. Já outros conseguem ganhos em razão das altas temperaturas, independente disso, como o comércio de ventiladores e condicionadores de ar, por exemplo, que já estão registrando mais de 50%, diante de tanto calor. Tudo é válido, mantendo sempre o cuidado com o endividamento”, explica.
Apesar do cenário de austeridade, frente a instabilidades econômicas, cresce o número de pessoas que encaram a época sazonal com otimismo. É o caso da dona de casa Maria Luiza Cabral, 61, moradora do bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. “Já pesquisei bastante e não tenho encontrado promoções de verdade. Mas amo o Carnaval e não vou perder a oportunidade de levar o que preciso. Nas dívidas, a gente pensa depois da Quarta de Cinzas”, brincou.
Não é diferente para a atendente Marilene Gomes, 66. “Aperto algumas contas e já venho juntando dinheiro desde o 13º salário. Preparar a casa para receber os amigos é a minha prioridade nesta época”, diz, enquanto realiza compras e estima gastar cerca de R$ 500. Passando para o mercado informal, o reinado de Momo também tem se mostrado uma boa pedida. O camelô Erivaldo Alves, 23, diz que investiu R$ 5 mil em produtos, oriundos do estado de São Paulo. “É uma renda a mais para começar o ano bem”, diz.
