Alvo de operação da Polícia Federal, o vereador Carlos Bolsonaro (sem partido-RJ) deve prestar depoimento a investigadores nesta terça-feira. A oitiva não teria relação com as buscas e apreensões realizadas nesta segunda por suposta coordenação de uma "Abin paralela" enquanto Alexandre Ramagem estava à frente da Agência Brasileira de Informação (Abin).
— Ele (Carlos Bolsonaro) vai (falar com a PF). (O depoimento) já está marcado há alguns dias, mas o caso está em segredo de Justiça. O depoimento dele está marcado para amanhã. O advogado que vai acompanhar ele. Eu não tenho conhecimento no ramo do Direito — afirmou o ex-presidente Jair Bolsonaro à CNN Brasil na tarde desta segunda-feira.
O depoimento, no entanto, não teria relação com a operação deflagrada pela PF nesta segunda. Até o momento, Carlos ainda não compareceu à sede da corporação para prestar esclarecimentos aos investigadores neste caso. Nas redes, Fábio Wajngarten, advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da gestão Bolsonaro, informou que o depoimento do filho "zero dois" foi marcado na semana passada em inquérito que investiga uma postagem com ameaças a Bolsonaro, fazendo referência a sua decapitação.
O "zero dois" foi alvo de operação da PF nesta segunda-feira, enquanto estava com o pai e alguns deputados federais e estaduais ligados ao ex-presidente em Angra dos Reis, para alavancar candidaturas do PL na região. A corporação apreendeu o telefone de Carlos e mais três computadores que estavam na casa da família na cidade da Costa Verde.
Além de Carlos, também foram alvos da operação a assessora do vereador, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, a assessora de Ramagem, Priscila Pereira e Silva, e o militar do Exército cedido para a Abin durante a gestão de Ramagem, Giancarlo Gomes Rodrigues.
"Nunca recebi relatório da Abin"
O ex-presidente ainda afirmou que nunca recebeu relatórios da Abin enquanto esteve à frente da Presidência, entre 2018 e 2022. À CNN Brasil, Bolsonaro negou o recebimento de documentos e que quaisquer pedidos tenham sido feitos por seus filhos, apesar de dizer ser "comum" pedir informações a Ramagem, diante do "vínculo de amizade":
— Não é porque é meu filho. Há uma amizade do Ramagem conosco, ele incorporou a equipe da PF que deu a devida segurança para mim. Criou um certo vínculo de amizade que é comum pedir informações, mas jamais meu filho pediu algo que não fosse legal para o Ramagem.