Nos últimos 30 anos, a média de dias em que o território brasileiro passou registrando ondas de calor aumentou de 7 para 53, mostra um novo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O trabalho, feito a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para embasar o plano federal de adaptação do país à mudança climática, montou um histórico de dados das seis últimas décadas, depois comparou o que aconteceu nas três primeiras delas com o que foi registrado nas três seguintes.
O trabalho define ondas de calor como "um mínimo de seis dias consecutivos em que a temperatura máxima supera um limiar de 10% do que é considerado extremo, comparado ao período de referência (1961-1990)".
Enquanto o período de referência exibiu uma média de 7 com ondas de calor para o território nacional, o valor subiu para 20 na década de 1990, depois para 40 na década de 2000, e bateu os 52 na última década. Os números ainda não incluem os recordes de 2023.
Mapas divulgados pelo Inpe mostram que essa tendência de extremos é verdadeira par todas as áreas do país, especialmente no Semiárido. Na região Nordeste, houve uma elevação brusca não apenas em ondas de calor, mas nos recordes de temperaturas máximas, na forma de "anomalias de temperatura".
No período de referência a média de temperatura máxima na região era de 30,7°C. Na década seguinte subiu para 31,2°C, depois 31,6°C, e ficou em 32,2°C entre 2010 e 2020.
O novo relatório também aponta a tendência de seca no território nacional nas últimas décadas, medida como "dias consecutivos secos", com precipitação abaixo de 1 mm. No semiárido, esses períodos somavam até 85 dias em média antes de 1991. Nas três décadas seguintes foi subindo até uma média de 100 na última década.