O terceiro domingo do mês de novembro é um dia para o mundo lembrar da matança que o trânsito promove nas cidades e rodovias. E que segue promovendo, mesmo com toda tecnologia existente em pleno século 21.
É quando se celebra o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito, uma data instituída mundialmente desde 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) para melhorar a segurança viária no planeta.
No mundo, são mais de 1,35 milhão de óbitos por ano. No Brasil, são mais de 33 mil mortes e 500 mil feridos e mutilados. Nem mesmo a pandemia de covid-19, que trancou a maioria da população em casa por meses, foi suficiente para tornar os motoristas menos irresponsáveis ao volante.
Ao contrário, a velocidade e a mistura de álcool e direção explodiram. Dados mais atualizados do DataSUS do Ministério da Saúde, fechados em maio de 2023, apontam que o trânsito no Brasil matou 33.813 pessoas em 2021.
Esse número representa um crescimento de 3,5% em relação a 2020, quando o País teve 32.716 mortes. E comprova que o Brasil segue naturalizando as mortes no trânsito.
As vítimas do trânsito no Brasil têm face: são, em sua maioria, motociclistas, negros e jovens. O indicador MobiliDADOS, plataforma do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) que apresenta indicadores e dados abertos com o objetivo de aprimorar políticas de mobilidade urbana sustentável, confirma que os motociclistas são as pessoas mais vulneráveis no trânsito.
Os homens negros e jovens também são os que mais morrem ano a ano por causas previsíveis e evitáveis. O MobiliDADOS analisa dados do DataSUS e do IBGE e aponta a taxa de mortalidade por sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define. Entenda) nas cidades brasileiras.
Em 20 anos (entre 2001 e 2021), o trânsito brasileiro matou quase 200 mil motociclistas, mais de 180 mil pedestres e mais de 170 mil ocupantes de automóveis. Os negros, como já dito, são maioria: 60% das vítimas.
E, além de serem maioria, fazem parte de uma estatística crescente. Enquanto o número de negros mortos no trânsito cresce, o de pessoas brancas reduz. Em 2001 eram 35,60% pessoas negras, enquanto que em 2021 subiu para 59,34%.
Entre os brancos foi o oposto: eram 53,38% pessoas brancas mortas no trânsito em 2001, contra 38,71% em 2021. Quase 90% são homens e a maioria são jovens de 20 a 29 anos.